sábado, agosto 28


Caraio! Perdi essa !

Costumo, há muito tempo, ir em média três vezes pescar na região pantaneira anualmente.

Julho é sempre a melhor temporada. Dourados e palmitos são um must aí.

Neste ano estava europeiando. Perdi a aventura!

Meus comparsas aventureiros foram até Forte Coimbra/MS.

Tudo normal. Planejados quatro dias dedicados só à pesca.

Aí, no terceiro dia, após a rotina: levantar às quatro e trinta, arrumar-se e à tralha, e zarpar lá pelas cinco e trinta, o mais tardar. Chegar nos melhores points, já secando umas geladas, e preparar varas e iscas, e caipiroscas...Fisgar uns bons peixinhos, entremeados com algumas piranhas e armaus...

Esperar o sol arder na cara, e retornar ao rancho para o almoço. Dormir uma sesta cristã ( sem pecados) e levantar-se para uma próxima jornada vespertina/noturna, onde os grandes pintados e jaús prometem aparecer...

Sai o primeiro barco. E vai lá pras quebradas, aonde o bom piloteiro sabe que moram os bons pescados...

Sai o segundo barco. Mãos de vaca, foram em três num barco normal para dois. O clima abruptamente torna-se de calmo para furioso: más lufadas do vento sul eclodem instantaneamente, a água se crispa, e o barco emborca...

Enfermeiro Mané, cinquentão obeso, sai voando sobre os demais, e prancha num altissonante SPLASH!!!

Piloteiro Buguinho, Dr. Parvis e seu filho Dr. Jarvis, mergulham em nado sincronizado nas águas barrentas do Paraguai.

Aí é o famoso : "Deus nos acuda!!!"

A tarde torna-se cinzenta, o vento arrepia a mais de cem quilometros por hora, as ondas no rio encrespam-se a mais de três metros de altura, e tudo em menos de cinco minutos!!!

Tralha ? Já era!

Dr. Parvis, malandro experiente, salvou sua sacolinha básica : cartões, docs e money.

Seu filho segurou uma bolsa de carretilhas e molinetes, mas só nos primeiros minutos : no sufoco, entregou ao rio.

Piloteiro malaco, Buguinho escalou o barco emborcado. À cavaleira, deu as mãos lado a lado ao Dr. Jarvis e ao enfermeiro Mané. Dr. Parvis bem agarradinho na pôpa.

A essas alturas, o drama já estava sendo observado às margens do Forte: dois recos embarcaram num bote para tentar o resgate.

Vieram afoitos demais, e meteram o bico de seu bote no bico do emborcado:belo furo!

Difícil de controlar, o reco meteu um meião no buraco aberto na proa e avisou: "Não embarquem, senão afundamos juntos!"

"Vou tacar uma corda, e tentar levar voces pra margem..."

E o Buguinho catou a corda, largando o enfermeiro, amarrou-a em seu torso, e berrou : "Vamo qui vamo!"

A essas alturas, um novo barco chegava para o socorro: Seu Lima, dono da hospedaria que os abrigava, veio e socorreu os cagados. Mas, uma observação, o tempo havia retornado ao normal:

a mesma pasmaceira tórrida de todo dia, sem ventos e mais nada. O rio lisinho, como a pele do seio da mulher amada...

Aventuras, aventuras...

Rescaldo final :

Dr. Jarvis : "Bem, fudeu geral, mas agora vou comprar uma tralha moderna e zerada. Pena que perdi o histórico das marcas dos dourados e pintados nas varas !"

Dr. Parvis : "Fudeu grandíssimo, nunca mais entro num barco acima da lotação ideal! Meu pai sempre compra merdas chinesas e paraguaias, ainda bem que o salva-vidas era brazuca!"

Enfermeiro Mané: "Tô traumatizado! Nunca mais entro num barco, nunca mais vou pescar, e muito menos com esse bando de psicopatas. Perdi quase tudo: só sobrou a roupa do corpo. Até os botinões eu joguei pro rio!"

O pior de tudo é que não há outro meio de se chegar à civilização, saindo de Forte Coimbra, que não seja pelo rio acima...

E aí, pra amainar o trauma do Mané, pra suportar quase três horas de barco, foi necessária a ingestão de meia garrafa de cinquenta e um. Aí ele se anestesiou.

Ôrra meu!

Não vejo a hora de participar duma aventura deste naipe!

Essas merdas radicais só acontecem quando estou ausente!

Puta falta de sacanagem, meu !

7 comentários:

Anônimo disse...

Puta falta de sacanagem...

paulo disse...

Ela passou o primeiro dia empacotando todos os seus pertences em caixas, engradados e malas.

No segundo dia, ela chamou os homens da transportadora que levaram a mudança.

No terceiro dia, ela se sentou pela última vez na bela mesa da sala de jantar, à luz de velas, pôs uma música suave e se deliciou com uns camarões, um pote de caviar e um garrafa de Chardonnay.

Quando terminou, foi a cada um dos aposentos e colocou alguns pedaços de casca de camarão, besuntados com caviar, dentro das cavidades dos varões das cortinas (aqueles tubos ocos de alumínio).

Depois ela limpou a cozinha e se foi.

Mais tarde seu ex-marido chegou com a nova namorada, tudo estava tudo muito bem arrumado, cheirando a limpeza.

Depois, pouco a pouco, a casa começou a feder.

Eles tentaram de tudo: limparam, lavaram e arejaram a casa.

Todas as aberturas de ventilação foram verificadas à procura de possíveis ratos mortos e os tapetes foram limpos com vapor.

Desodorantes de ar e ambiente foram pendurados em todos os lugares.

A empresa de combate a insetos foi chamada para colocar gás em todos os encanamentos, durante alguns dias, durante os quais tiverem de sair da casa, e no fim ainda tiveram de pagar para substituir o caríssimo carpete de lã.

Nada funcionou.

As pessoas pararam de visitá-los.

Os funcionários das empresas de consertos se recusavam a trabalhar na casa..

A empregada se demitiu..

Finalmente, eles não suportavam mais o fedor e decidiram se mudar.

Um mês depois, apesar de terem reduzido o valor da casa em 50%, eles não conseguiram um comprador para a casa fedorenta.

A notícia se espalhava e nem mesmo corretores de imóveis locais retornavam as ligações.

Finalmente, eles tiveram de fazer um grande empréstimo do banco para comprar uma casa nova.

A ex-esposa ligou para o marido e perguntou como andavam as coisas.

Ele contou a ela o martírio da casa podre.

Ela escutou pacientemente e disse que sentia muitas saudades da casa antiga e que estaria disposta a reduzir a parte que lhe caberia do acordo de separação dos bens em troca da casa.

Sabendo que a ex-mulher não tinha idéia de como estava o cheiro, ele concordou com um preço que era cerca de 1/10 do que valeria a casa.

Mas só se ela assinasse os papéis naquele dia mesmo.

Ela concordou e em menos de uma hora, os advogados dele entregavam os documentos à ela.

Uma semana depois, o homem e sua namorada assistiam, com um sorriso malicioso, os homens da mudança empacotando tudo para levar para a sua nova casa… Incluindo os varões das cortinas.

atrásdoarmário disse...

Boa, Paulo!
Teu comment tá melhor que meu post!
Muito bom!

kombosa disse...

Puta falta de sacanagem atrás.
Esse coment do Paulo foi meio Deja vu.

Anônimo disse...

kombosa.. posta logo bosta..

kombosa disse...

Existe meio deja vu?

atrásdoarmário disse...

Existe, kombosa.
É o famoso "de v". Mas tem também o "ja u". Prefiro o segundo, que é um peixão danado de trazer pro barco...